A história que ninguém contou

Os H. naledi eram um povo culto e generoso. Um de seus primeiros líderes chamava-se Ramsés, que levou o povo Naledi a se tornar uma civilização próspera. Os Naledi, pode-se dizer, construíram o berço da civilização moderna, com as suas obras de engenharia gigantescas, como as pirâmides, e seu interesse pelas artes e ciência, que resultou nos primeiros desenhos nas paredes de cavernas e nas primeiras ferramentas de pedra lascada. Talvez uma mancha em seu caráter tenha sido o fato de recrutar o trabalho escravo do povo Australopithecus, menos desenvolvido do que eles, para construir as suas grandes obras. Enfim, o domínio dos Naledi durou muito tempo e com ele surgiram as grandes cidades, modelos para as metrópoles de hoje.

Um império não dura para sempre e os H. naledi foram perdendo a sua pujança e suas cidades se deteriorando sob a influência de novos costumes que não mais davam prioridade às artes e ao conhecimento. Disso se aproveitaram os H. erectus, um povo belicoso e especialista em estratégia militar. Sob o comando de Alexandre o Grande, os Erectus dominaram grande parte dos impérios existentes na época utilizando, como ninguém, a capacidade de se manter ereto e observar tudo de um nível mais alto.

Mas os Erectus não conseguiram se manter em pé diante do pequeninos mas atarracados Neanderthalensis. Estes, liderados pelo grande Genghis Khan, foram conquistando um a um os exércitos inimigos até formar um império gigantesco. Não haveria adversário para o homem de Neanderthal, com a sua ossatura compacta e corpo peludo, se não fosse o tamanho reduzido do seu cérebro. Seu cérebro pequeno não o alertou para a temerária decisão de não exterminar de vez o H. erectus, como propunha um influente Neanderthal, chamado Maquiavel.

Foi então que, dos sobreviventes do H. erectus, surgiu o H. sapiens. Este, de cérebro avantajado, poderia facilmente vencer a força bruta dos Neanderthalensis. O homem de Neanderthal, então, apelou para a última arma que possuía, a esperteza. Tratou de seduzir o H. sapiens e cruzar com ele para garantir parte de sua herança ou, no mínimo, a pensão dos filhos dessa união improvável. Santa ingenuidade! Não sabiam que estavam lidando com habilidosos legisladores que eram os Sapiens. Só para esclarecer, seu líder carismático, George Washington, junto com outros Pais Fundadores, criou numa canetada só o maior império conhecido até hoje. Mais tarde, seus seguidores criaram uma instituição internacional – a ONU – só para referendar juridicamente as ações militares do grande império. Lidar com os Neanderthal foi fichinha para eles: exterminaram logo todos eles – bem como os índios que ousaram defendê-los –, não reconheceram os filhos bastardos e mais, colocaram-nos a serviço de sua religião chamada capitalismo, como mão-de-obra barata, e os utilizaram como bode expiatório para tudo de ruim que acontecia.

É nesse estágio que a História se encontra hoje. Qual será o próximo passo é difícil dizer, mas sabe-se, com certeza, que um novo império deve surgir. Só não se sabe quando e nem que tipo de espécie vai governá-lo. Sabe-se, também que a espécie derrotada tende a desaparecer, como aconteceu até aqui. É a estratégia de Maquiavel – a de acabar de vez com os inimigos – que vai continuar vigorando. O H. sapiens sabe bem disso e está com um olho nos terroristas e outro nos descendentes ainda vivos do Homem de Neanderthal. Ozzy Osbourne que se cuide!

Uma abordagem sistêmica para o planeta Terra

(Este texto será utilizado como Epílogo no livro a ser publicado)        

Os temas abordados neste livro misturam ficção e não ficção, ora discorrendo sobre problemas bem reais, ora divagando em fantasias que, sabemos, não poderiam acontecer senão em nossa imaginação. Para encerrar esta coletânea de textos decidi falar sobre um assunto que tem os dois ingredientes acima. Trata-se de um problema bem real – talvez o maior problema que desafia o homem – e de uma abordagem, para a sua solução, que é complexa a ponto de parecer fantasiosa ou utópica, mas que tem a ousadia de considerar aplicável ao nosso planeta a mesma metodologia válida para um sistema qualquer. Dei a ele o título de “Uma abordagem sistêmica para o planeta Terra”.

A motivação para falar disto, mais uma vez, está ligada às notícias sobre ciência divulgadas na mídia, que dão conta das somas astronômicas de recursos que são alocadas em projetos científicos com propósitos não muito claros para os leigos, como os programas espaciais e os dispendiosos laboratórios de pesquisa científica, como os que abrigam os aceleradores de partículas (LHC e outros). Ao tomar ciência de tais somas é inevitável que o cidadão comum pergunte por que esses recursos não são utilizados para resolver os nossos problemas mais prementes, como a fome e as péssimas condições de vida, que atingem milhões de seres humanos no mundo.

Os investimentos em ciência não têm retorno certo e imediato para o investidor e, por isso, são feitos geralmente por governos, universidades e instituições sem fins lucrativos. Os projetos científicos têm como alvo aumentar o nosso conhecimento para criar condições de resolver problemas a longo prazo e por isso não têm muito apelo junto àqueles (não são poucos) que têm o hábito de preocupar-se somente com o presente. Todavia, eles desembocam, via de regra, em tecnologias que são desfrutadas pela sociedade na forma de bens de consumo e serviços para a nossa conveniência.

Mas as críticas não se limitam aos investimentos feitos em ciência; elas voltam-se, também, para o mau uso da tecnologia por meio do consumo desenfreado da parafernália tecnológica que é produzida e logo fica obsoleta porque surgem novos produtos mais sofisticados. Além de apontar para esse suposto desperdício de recursos, muitos ainda suspeitam que a tecnologia seja responsável pelos problemas ambientais (e outros) por que passamos em nossos dias. Os críticos das tecnologias existentes argumentam que as atividades que as utilizam estimulam o consumo de recursos naturais (água, minérios, petróleo, carvão, gás etc.) e contaminam o meio-ambiente com a produção de gases e resíduos tóxicos e o descarte de materiais não biodegradáveis entre outras formas de poluição, além de diminuir as oportunidades de emprego por meio da automatização das tarefas produtivas. Acreditam, também, que elas trazem a ameaça da produção de armas de destruição em massa, como as nucleares e biológicas.

É compreensível, portanto, que as pessoas não vejam com bons olhos os grandes investimentos em ciência e tecnologia. Os benefícios são facilmente ignorados diante dos problemas apontados e mesmo aqueles que acreditam que a ciência e a tecnologia sejam um caminho para melhorar a qualidade de nossa vida futura ainda acham que os problemas atuais não podem ser ignorados, em favor dos projetos científicos e tecnológicos, sob pena de não haver ninguém no futuro para usufruir das suas benesses.

Por outro lado, para muitos a ciência e a tecnologia constituem um bem que não pode ser descartado pela sociedade, a quem cabe utilizá-las de forma inteligente para o nosso proveito. Por meio delas podemos ter a esperança de saber lidar com a escassez dos recursos naturais, a alta demanda por energia e a degradação do meio-ambiente num mundo superpovoado, sem abrir mão da qualidade de vida já conquistada até aqui. O desafio é criar uma sociedade que saiba atribuir prioridades aos seus problemas e aplicar corretamente os recursos em atividades que beneficiem a população global no curto e longo prazos. Este é, portanto, o grande problema que desafia os tomadores de decisão: O que se deve fazer agora para que no futuro a humanidade viva com qualidade, segurança e de forma sustentável no planeta que lhe serve de abrigo?

A imprevisibilidade inerente à natureza humana – que também é a fonte das inovações tecnológicas – é a variável que torna esse problema extremamente complexo. Na década de 50, o escritor de ficção científica Isaac Asimov escreveu a trilogia “Fundação” em que um cientista, Hari Seldon, cria uma disciplina chamada de psico-história que consiste na aplicação de técnicas matemáticas para modelar o comportamento de grandes populações. A técnica baseia-se na constatação de que o comportamento de um indivíduo pode ser imprevisível, mas o comportamento de grandes massas pode ser tratado estatisticamente. Daí, utilizando modelos matemáticos sofisticados, ele cria um modelo para prever o futuro da galáxia (com seus quintilhões de habitantes) por um horizonte de tempo de milhares de anos. O modelo permite que as futuras crises sejam previstas em tempo de tomar as medidas corretivas para evitá-las. É claro que um modelo desse tipo seria a solução do problema descrito acima, mas, infelizmente, trata-se de pura ficção.

É válido, entretanto, acreditar que a ciência pode dar uma grande contribuição para a solução do problema, mesmo que ela seja uma das partes interessadas na disputa pelos recursos escassos (Não dizem que a ciência prima pela ética? Então não é preciso se preocupar com isso.). A Teoria de Sistemas nos ensina que a solução de um problema começa pela identificação clara e objetiva do próprio problema, das restrições impostas pelo ambiente (aqui, ambiente significa tudo o que está fora do controle do tomador de decisões), continua com a definição das medidas a tomar – conjunto de ações que levam ao estabelecimento (ou adaptação) de um sistema para atender aos objetivos traçados – e termina com a construção de um mecanismo de controle que realimente o sistema impedindo-o de se afastar dos objetivos.

Trata-se aqui de resolver o problema da humanidade e, com ela, do próprio planeta Terra. Não é de estranhar, portanto, que as etapas acima sejam inimaginavelmente complexas (não fosse assim, alguém já teria resolvido o nosso problema e estaríamos vivendo bem, de forma sustentável, num planeta próspero). Elas merecem, portanto, algumas explicações adicionais sobre a natureza dessas dificuldades.

Em primeiro lugar é necessário entender que definir um problema é o mesmo que estabelecer um objetivo (e metas) que se deseja alcançar. Um objetivo do tipo “Toda a humanidade deve ser feliz sem colocar em risco o planeta” não é um objetivo razoável, pois ele não dá pistas de como alcançá-lo. É necessário um enunciado mais objetivo e realista, que sugira medidas e indicadores que o tornem passível de ser verificado. Alguns indicadores são utilizados, hoje, para medir o nível de desenvolvimento dos países. O mais conhecido deles é o PIB (Produto Interno Bruto) per capita, que tem o defeito de considerar apenas os aspectos econômicos. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um indicador criado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) que alia aos aspectos econômicos aqueles ligados à educação e à longevidade. Outro, criado em 1970 no Butão, chama-se FIB (Felicidade Interna Bruta) e introduz alguns outros aspectos mais subjetivos, como bem-estar psicológico, uso do tempo, governança e qualidade do meio-ambiente. Embora o FIB tenha vantagens sobre o IDH, ele ainda não foi inteiramente aceito pela comunidade internacional. De qualquer modo, toda tentativa de definir um objetivo a ser perseguido pela humanidade deve estar atrelado à definição de um indicador de desempenho para o instrumento que permitirá à humanidade alcançá-lo. Um índice desse tipo deve ser construído para incluir todos os aspectos importantes que caracterizem o estágio efetivo de progresso da humanidade. Nele devem constar, além dos aspectos ligados ao bem-estar e segurança da população, também aqueles que representem a boa saúde do planeta. Não é difícil entender que um consenso global a esse respeito pode ser uma tarefa bastante complicada.

A etapa seguinte consiste na identificação do sistema, no contexto em que esse conceito é utilizado aqui, ou seja, o de uma estrutura independente que evolui até alcançar o estágio estabelecido pelos objetivos e, a partir daí, mantém-se nele. De início já aparecem as primeiras dificuldades. O sistema envolve toda a população e tudo o que existe no planeta que possa ser afetado de forma deliberada pelo homem. O sistema pode incluir toda a fauna e flora do planeta, o solo, os rios e os mares, a atmosfera e boa parte do subsolo, mas não inclui o planeta todo porque não somos capazes de agir (pelo menos num horizonte de tempo razoável) sobre muitas das suas manifestações, como movimentos das placas tectônicas, atividades vulcânicas, mudanças climáticas etc. Mas as tecnologias futuras poderão ampliar os limites desse sistema na medida em que venham a permitir ao homem controlar algumas dessas manifestações da natureza e mesmo incluir outros corpos celestes como parte do ativo da humanidade. Não fica muito claro, portanto, quais são esses limites e qualquer critério para definir as fronteiras desse sistema terá que ter uma característica dinâmica para se adaptar às novas conquistas da tecnologia. De resto, tudo o que não possa ser controlado pelo homem, sejam as forças oriundas do próprio planeta Terra, ou do espaço exterior, deve ser considerado como restrições que o ambiente impõe na busca de soluções para os problemas da humanidade.

Também é difícil a tarefa de organizar a sociedade (a parte fundamental do sistema) para executar ações mais efetivas na busca dos objetivos traçados. Os países soberanos buscam tomar suas próprias decisões na procura de soluções para os seus problemas. Há interesses conflitantes entre países pobres e ricos, de diferentes crenças e etnias e outros tipos de disputas. O conjunto de soluções independentes pode não ser a melhor solução para a humanidade como um todo. É necessário que haja um mínimo de coordenação entre as medidas tomadas pelos diferentes países que só pode ser conseguida com a integração dos países em comunidades ou federações maiores. A formação de grandes comunidades, como a Comunidade Europeia, deve ser estimulada entre os países de características semelhantes e logísticas compatíveis, e suas regras de funcionamento aperfeiçoadas de modo a eliminar os desperdícios de recursos causados por decisões conflitantes. Os problemas para a consolidação da Comunidade Europeia dão o tom da dificuldade dessa tarefa de integração dos países. Procurar construir um governo planetário, como o império galáctico das histórias de ficção, é certamente um exagero, mas continuar com a divisão de países como a que se tem hoje é totalmente inviável do ponto de vista do objetivo em foco.

Por fim, deve-se construir um mecanismo de controle que tenha a capacidade de avaliar, em qualquer instante, o desempenho das medidas adotadas em relação aos objetivos traçados e, se necessário, sugerir medidas corretivas. É a parte mais difícil do processo porque requer um conhecimento mínimo das inter-relações das variáveis envolvidas, entre as quais despontam aquelas derivadas do comportamento humano. De posse de um modelo desses seria possível simular as consequências de diferentes medidas e escolher aquelas que melhor se ajustam aos objetivos traçados. Um exemplo clássico de modelo desse tipo foi dado por Jay Forrester, na década de 70, em seu livro “World Dynamics”, em que ele descreve um modelo computacional que relaciona variáveis como: nível dos investimentos de capital, tamanho da população, qualidade de vida, uso de recursos naturais e outras, produzindo uma forma de simular diferentes cenários para a tomada de decisão. Seu trabalho não teve grande repercussão, mas a abordagem da simulação de sistemas dinâmicos, por ele utilizada, criou raízes na comunidade científica. Enfim, a construção de um modelo desse tipo, que tenha um uso efetivo no tratamento de sistemas sociais, é um desafio para a ciência, ainda que hoje ela disponha de algumas técnicas para lidar com a imprevisibilidade de sistemas complexos, como é o caso da Teoria do Caos.

Um mega projeto com os propósitos aqui descritos não pode ser de iniciativa de um país ou de um grupo de países, mas de uma entidade supranacional que tenha o suporte dos países e que não seja controlada por eles. A ONU seria o candidato natural para esse papel se não fosse pela inadequação das regras que regem o seu funcionamento, que não permitem a representação legítima de todos os países. Esta é a primeira das dificuldades a serem vencidas.

A julgar pelas dificuldades mencionadas, pode-se afirmar, sem qualquer medo de errar, que o problema de achar o melhor caminho para a humanidade é um problema realmente complexo. Pode-se errar, todavia, dizendo-se que ele é insolúvel. A imprevisibilidade da ação humana é o principal responsável por essa complexidade e qualquer abordagem tem que lidar com esse aspecto da natureza humana para ter uma possibilidade mínima de sucesso. O conhecimento avança rápido quando se trata de explicar qualquer outro aspecto da natureza que não esteja ligado ao comportamento do homem, mas é lento quando se trata de entender os meandros da consciência humana. A ciência possibilitou avanços impressionantes do nosso conhecimento em áreas que pareciam impossíveis de ser investigadas, como a origem e a dinâmica do universo, as leis que regem o mundo microscópico, a natureza do espaço e do tempo. Isso tudo dá a ela, ciência, a esperança de que possa, também, desvendar os segredos da mente humana.

É inegável que existam restrições sérias para as pesquisas nessa área comportamental, pois não há muitas formas de experimentação sem que a integridade física do indivíduo seja colocada em risco. Além disso, não faz muito tempo que o estudo das emoções deixou de ser considerado má ciência entre os pesquisadores. Esse preconceito impediu que a neurociência tivesse o mesmo ritmo de desenvolvimento das outras áreas da ciência, mas esse atraso está sendo recuperado e hoje a descoberta de novos métodos não invasivos de análise das funções cerebrais aumenta a probabilidade de que um dia os segredos da mente humana possam ser revelados. Não se trata, obviamente, de controlar o comportamento humano, mas de entendê-lo com maior profundidade.

Segundo Geoffrey Miller, em seu livro Spent (Darwin vai às compras), Ed. Viking, 2009, pag 22, até aproximadamente 1990 a psicologia ainda não havia incorporado a Darwinização em suas teorias. Isso só aconteceu com o florescimento da psicologia evolutiva que produziu uma caracterização da natureza humana muito mais rica do que uma lista de simples instintos. A compreensão da natureza humana passou, então, a ser uma meta muito mais próxima do que se considerava antes. Nesse mesmo livro, o autor apresenta algumas ideias pouco convencionais de experimentos sociais – que visam estudar culturas locais e alterar hábitos de consumo de comunidades -, que podem parecer sacrilégios para economistas e outros profissionais da área social. Todavia, elas têm o mérito de colocar em discussão um assunto considerado tabu (em virtude de experiências passadas mal intencionadas) que é a experimentação com comunidades inteiras para testar o seu comportamento diante de situações controladas. Conhecer a fundo o comportamento humano é fundamental para quem quer estabelecer políticas de longo prazo, uma vez que ele “direciona o progresso no que diz respeito às tecnologias, ideias e instituições que chamamos de civilização”, nas próprias palavras de Miller.

Os futuros avanços nas áreas de neurociência, psicologia, sociologia, entre outras, que coíbam as práticas erráticas do homem em sociedade, poderão completar o arsenal de ferramentas que vai permitir construir um modelo que conduza a humanidade a um destino desejável. Para isso, é necessário que se invista nas ciências sociais tanto quanto se investe em outras áreas científicas. Quem sabe, assim, as mentes mais brilhantes possam ser atraídas para essas áreas e provocar um avanço do conhecimento tão espetacular como o que aconteceu com as ciências chamadas “duras”.

É compreensível que um modelo amplo e ousado, como este aqui sugerido, possa ser considerado uma aspiração ingênua e inatingível, ou só alcançável em muitas gerações. Ao menos por ora, fica a ideia de que a sociedade deva insistir em três tarefas relevantes, ainda que por meios não tão científicos quanto seria desejável: 1) definir um objetivo de longo prazo para a humanidade; 2) organizar a sociedade, a níveis locais e global, para a busca efetiva desse objetivo; e 3) definir um mecanismo para a avaliação de desempenho e correção de rota na busca do objetivo. Afinal, são tarefas básicas aplicáveis a qualquer sistema e não pode ser diferente com o sistema Terra. A natureza humana já provou que é capaz de façanhas incríveis, portanto, não é absurdo esperar que consiga vencer as suas próprias fraquezas.